TRATAMENTO HORMONAL E RADIOTERAPIA

Dr. Thomas Ebert
Department of Urology, Fürth – Germany.

Quais são os princípios do tratamento hormonal antes, durante ou depois da radioterapia e quais são as atuais recomendações em relação à administração deste tratamento? Ainda não se sabe exatamente por que, mas a sensibilidade à radioterapia, verificada em estudos com culturas celulares, é maior quando se faz tratamento hormonal e há diminuição do volume do alvo, o que significa mais e.ciência com menos efeitos colaterais. A redução do volume a ser irradiado (20–30%) pode diminuir a dose aplicada a órgãos não-alvo (bexiga, reto).

A terapia de hormônios adjuvante ou neo-adjuvante prolonga a sobrevida? Em muitas das pesquisas realizadas essa é a questão-chave.A maioria dos estudos, no entanto, não apresenta resposta para isso. Com exceção do estudo de Bolla, outros mostraram que a sobrevida total aumenta somente num grupo de risco especial (Gleason Score GS 8 a 10). Se observarmos nesses estudos não a sobrevida global, mas sim a sobrevida tumor especí.ca (óbito por causa do câncer), verifica-se de fato que aqueles que receberam terapia adjuvante hormonal morreram menos por causa do carcinoma de próstata.
Também se pode perguntar sobre a sobrevida livre de recidiva (PSA). Há muitos end-points, daí a difculdade de comparar os estudos com eficiência.

Há dados mais recentes a respeito dos antiandrogênicos como terapia adjuvante à radioterapia e, ao que tudo indica, existe uma chance de que a terapia adjuvante com a bicalutamida promova bons resultados (menor índice de progressão).
A bicalutamida reduz o risco de progressão em 42%.

No estudo RTOG com a gosserrelina como adjuvância após RT, no braço controle com placebo houve muito mais pacientes com progressão (73,3%) em comparação àqueles que receberam o medicamento (43,2%). No estudo EPC isso também pôde ser constatado; a terapia adjuvante trouxe vantagens para os pacientes com relação à progressão (48,6 no grupo placebo versus 33,5 no grupo bicalutamida); no que se refere à sobrevida é demasiado cedo para extrair qualquer conclusão.

Numa metanálise publicada em 2000, com mais de 2.700 pacientes selecionados de outras pesquisas, foi estudado o end-point sobrevida. Assim, foram criados quatro grupos de risco e os resultados dessa metanálise mostram que para o grupo de risco 1 (tumores localizados com escore de Gleason < 7), não se recomenda qualquer terapia hormonal adjuvante ou neo-adjuvante, além da radioterapia.

A situação muda no grupo de risco 2 (carcinoma avançado localmente, em que o escore de Gleason era no máximo 7). Neste caso, recomendava-se pelo menos quatro meses de privação de antiandrogênicos (dois meses antes e dois meses depois da radioterapia). Já para os grupos 3 e 4, em situação ainda pior, com progressão local maior, Gleason 8 a 10, as pesquisas mostraram que a terapia hormonal adjuvante traz vantagens no aumento de sobrevida.
Portanto, e de acordo com o Prof. Wiegel, que apresentou dados no Congresso Alemão de 2004, uma privação androgênica antes da radioterapia ao longo de três meses, quando o escore de Gleason é 7 ou PSA está entre 10 e 20 ng/ml, pode e deve ser feita. Os pacientes com elevados scores de Gleason (8–10), tumor clinicamente muito avançado (cT2b/T3, tumores grandes) e PSA acima de 20 ng/ml, se apenas um destes fatores ocorre - e muito mais se houver mais de um deles -, ao serem enviados à radioterapia tanto antes (por dois meses) quanto depois (dois anos) devem ser submetidos à terapia hormonal. Um estudo com adjuvância por seis meses está em andamento.